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domingo, 20 de março de 2011

Reunião Pedagógica (fev./ 2011)

Foi pedido à equipe que se dividissem e foram entregues poesias e argila para os grupos. Os grupos deveriam ler e discutir a poesia relacionando-a com nosso projeto pedagógico e deveriam expressar suas idéias através de uma obra na argila. As poesias entregues foram: 

  1. CAÇADORES DE NUVENS
João Melo

À volta da fogueira,
os mais velhos disseram:
vão então caçar nuvens
que já fogem de nossos olhos.                                
Nós pedimos um guia,
armas, munições e farnel para a longa jornada
Mas eles sorriram:    
terão de levar apenas                                                                        
estes sons de tambores 
na memória.
      .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
  1. A FUNÇÃO DA ARTE
Eduardo Galeano

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff,
levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia,
depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.
E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar!

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  1. - Me ajuda a olhar!
TEM GENTE COM FOME
Solano trindade

Trem sujo da Leopoldina
Correndo correndo
Parece dizer                                               
Tem gente com fome
Tem gente com fome
Tem gente com fome
Piiiiiiiiiii                                                                                      
(...)Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
Quando vai parando
Lentamente começa a dizer
Se tem gente com fome
Dá de comer
Se tem gente com fome
Dá de comer
Se tem gente com fome
Dá de comer
Mas o freio de ar
Todo autoritário                                           
Manda o trem calar
Psiuuuuu
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  1. O MURO  Oliveira Silveira
                                                                                          
eu bato contra o muro
duro
esfolo minhas mãos no muro
tento longe o salto e pulo
dou nas paredes do muro
duro
não desisto de forçá-lo
hei de encontrar um furo
por onde ultrapassá-lo


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  1. MÃO-DE-PILÃO
Oliveira Silveira                                                                

Água no oco,
palha, grão.
Soca, soca,
Mão-de-pilão.

Longe que é, longe que fica
e a mão-de-pilão esmurrando a cangica.
Longe que é, longe que fica
e a mão-de-pilão tocando cuíca.

Água no oco,                                                                          
palha, grão.                                                                                             
Soca, soca,
mão-de-pilão.

Socando, socando aos sol da manhã,
o eco na serra parece tantã.
Bate, bate... pra quê bate tanto?
Longe tão longe que não adianta.

Água no oco,
palha, grão.
Soca, soca,
mão-de-pilão.

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  1. VÁRIOS DESEJOS DE UM RIO
Esmeralda Ribeiro

Eu não queria ter em mim
águas incertas
laços de tormentas
mares de castelos movediços
abismo obediente
nem saber que atrás de mim
há comportas com ninhos de serpentes.

Eu queria entender                                                     
esta cantiga de criança:
A menina pretinha será rainha, olê, seus cavaleiros!
Mas está presa no castelo, olê, olê, olá!
E por que ela não foge?, olê, seus cavaleiros!
Mas com quem está a chave?, olê, olê, olá!”

Eu não queria ser levada
pela correnteza de rosa
rosa perfume sem porto
desse meu Rio interno da infância submersa.

  1. MULHER BARRIGUDA
Solano Trindade

Mulher barriguda que vai ter menino
qual o destino
que ele vai ter?
que será ele                                    
quando crescer?                                               
Haverá guerra ainda?
tomara que não,
mulher barriguda,
tomara que não..

  1. Enquanto escrevo vou pensando que resido num
castelo cor de ouro que reluz na luz do sol.
Que as janelas são de prata e as luzes de brilhantes.
Que a minha vista circula no jardim e eu contemplo as
flores de todas as qualidades” (Carolina Maria de Jesus, 1993, p.52).


  1. ESTAÇÕES INTERNAS
José Carlos Limeira

Estou contando
com a primavera.                                            
Ultimamente
não tem havido flores
Dentro de mim;
Tenho andado
meio chuvoso,
Horizontes nublados,
embora tempestuosos
São frios, frios.
Hoje de manhã
não abri a janela
Saí de surpresa,
E de surpresa vi o dia                               
Estava lindo.
E fiquei sem vontade
De mudar minha
meteorologia interior
Decididamente
vou romper
com este inverno,
Estou muito úmido
por dentro.
E para tanto,
receita simples,
Vou com o vento
comer, devorar,
Um raio,
um raio de sol.



  1. AS DUAS FLORES
    Castro Alves
São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,                    
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!




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