Blog CEI. ARTHUR BERNARDES: novembro 2011

Blog do Arthur Bernardes

A princípio este blog teve como objetivo ser um canal de comunicação e compartilhamento entre os educadores e comunidade escolar.

Agora no mês de abril de 2015, nós professoras Inês Casarin e Cássia Cazassa junto a profª Leiko, retomamos o blog que esteve inativo por uns tempos, prometendo a vocês bastante novidades. Estaremos mais focados na parte pedagógica e estaremos postando aos poucos as atividades pedagógicas que nossas colegas professoras e monitor@s nos passam. Logo estaremos colocando páginas ou marcadores das turmas que queiram participar para que os pais possam efetivamente acompanhar mais de perto o processo educativo de seus filhos.

Procurem em Marcadores a turma do seu filho/a para ver todas as postagens feitas!

Caros coleg@s, pedimos que nos dêem um feed back, com sugestões, críticas/elogios e que participem deste BLOG!

Em 30/06/2017 foi o meu último dia de trabalho nesta Cei. que tanto amo. A minha aposentadoria chegou! Sei que uma nova e boa etapa está começando em minha vida. Sei também que vou sentir saudades de todos vocês, nossos leitores do Blog, dos amigos, colegas, das crianças, dos pais, de ex-alunos, da comunidade...
Cora Coralina disse "O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher." E é o que quero fazer: continuar caminhando com o coração grato... Leiko 01/07/2017

As cem linguagens

AO CONTRÁRIO, AS CEM EXISTEM

Poema de Loris Malaguzzi

A criança é feita de cem.

A criança tem

cem mãos,

cem pensamentos,

cem modo de pensar,

de jogar e de falar.

Cem sempre cem

modos de escutar

as maravilhas de amar.

Cem alegrias

para cantar e compreender.

Cem mundos

para descobrir.

Cem mundos

para inventar.

Cem mundos

para sonhar.

A criança tem

cem linguagens

(e depois cem cem cem)

mas roubaram-lhe noventa e nove.

A escola e a cultura

lhe separam a cabeça do corpo.

Dizem-lhe:

de pensar sem as mãos

de fazer sem a cabeça

de escutar e de não falar

de compreender sem alegrias

de amar e de maravilhar-se

só na Páscoa e no Natal.

Dizem-lhe:

de descobrir um mundo que já existe

e de cem

roubaram-lhe noventa e nove.

Dizem-lhe:

que o jogo e o trabalho,

a realidade e a fantasia,

a ciência e a imaginação,

o céu e a terra,

a razão e o sonho

são coisas que não estão juntas.

Dizem-lhe enfim:

que as cem não existem.

A criança diz:

ao contrário, as cem existem.

ACHADOUROS

Com a palavra, Manoel de Barros: Achadouros “Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade. Mas o que eu queria dizer sobre o nosso quintal é outra coisa. Aquilo que a negra Pombada, remanescente de escravos do Recife, nos contava. Pombada contava aos meninos de Corumbá sobre achadouros. Que eram buracos que os holandeses, na fuga apressada do Brasil, faziam nos seus quintais para esconder suas moedas de ouro, dentro de grandes baús de couro. Os baús ficavam cheios de moedas dentro daqueles buracos. Mas eu estava a pensar em achadouros de infâncias. Se a gente cavar um buraco ao pé da goiabeira do quintal, lá estará um guri ensaiando subir na goiabeira. Se a gente cavar um buraco ao pé do galinheiro, lá estará um guri tentando agarrar no rabo de uma lagartixa. Sou hoje um caçador de achadouros de infância. Vou meio dementado e enxada às costas a cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos.” Ser educador na escola da primeira infância nos exige um olhar atento e mais do que isso, AMOR! Precisamos sentir as crianças e sermos caçadores dos tesouros que eles tão sutilmente nos apresentam em suas brincadeiras e interações. É preciso incentivá-los a viverem a infância lembrando que já tivemos a nossa e com boas ou difíceis recordações, éramos apenas CRIANÇAS! Um dia eles também terão essas recordações... Texto de ALINE CABRERA