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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

IDENTIDADE: Brincadeiras não têm sexo

Oferecer às crianças oportunidade de viver diferentes papéis contribui para a construção da identidade, tema a ser trabalhado no dia-a-dia em casa e na escola.


*Texto de ROBERTA BENCINI rbencini@abril.com.br
ILUSTRAÇÃO NINA MORAES Conteúdo publicado no site da Revista Nova escola edição 203

Meninas que gostam de jogar futebol e meninos que preferem uma boneca a um carrinho. A situação que deveria ser encarada com naturalidade é vista por muitos adultos com estranheza. Para muita gente, crianças que se comportam dessa maneira não estão cumprindo bem o papel definido pela sociedade para o sexo feminino e o masculino. Segundo especialistas na pedagogia do brincar, pais e educadores devem estar atentos as transformações do mundo atual, evitando manifestar comportamentos do tipo: “casinha é coisa de menina” ou “princezinhas não jogam bola”.

Estudos sobre a importância do brincar ensinam que tanto na escola quanto em casa, os cantinhos, os brinquedos e as atividades destinadas ao lúdico na infância, não devem ser classificados por sexo. São os adultos que esperam de meninos e meninas comportamentos específicos.
Os pequenos não estão nem um pouco preocupados com as regras que definem papéis diferentes para eles ou elas. O que querem é se divertir! Por sinal, até os 3 anos, em média, as crianças não encaram as características biológicas como diferenças. Mas, se repreendidas ou ridicularizadas quando não fazem as escolhas consideradas corretas, aprendem, que além de homens e mulheres não serem iguais, que existe um modelo de masculinidade e feminilidade e uma relação de poder entre eles. E aí de quem ousar romper com valores construídos há séculos!
IDENTIDADE E AUTONOMIA – “A formação da identidade passa pela descoberta do próprio corpo, de sua importância no mundo e da individualidade, mas também pela observação de atitudes, costumes, referências e exigências em casa e na escola”, diz a coordenadora pedagógica Silvana Augusto, de São Paulo.
É realmente difícil romper com padrões tão enraizados, mas essa postura é ultrapassada.
Pessoas que estudam, lêem e se atualizam sabem que a sociedade está mudando, assim como os papéis do homem e da mulher. “Discutir as relações de gênero é, antes de tudo, atribuir novos significados à nossa própria história e cultura”, explica Daniela Finco, pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação Infantil da Unicamp.
A brincadeira é uma representação da vida. Por meio dela, as crianças dão sentido às experiências por que passam e reproduzem sua relação com as pessoas ao redor. Impedir que meninos ninem uma boneca, por exemplo, é uma das piores formas de censura. Os garotos têm visto pais, tios e amigos de família dividindo os cuidados dos filhos com as mulheres. Ao reproduzirem esse novo modelo de masculinidade, no entanto, são rotulados de anormais.
“Há muitos estudos sobre a discriminação contra a mulher, mas só recentemente começamos a discutir o preconceito contra os homens”, afirma a socióloga Rosemeire dos Santos Brito, de São Paulo. Ela estudou por que os meninos são as principais vítimas do fracasso escolar no Ensino Fundamental. Um dos motivos, de acordo com a pesquisa, seria o preconceito dos que acreditam em um único modelo masculino nas classes sociais populares: o do machão, que não valoriza os estudos, atormenta as meninas e vive competindo e lutando com outros garotos.
Para criar um clima de cooperação entre meninos e meninas, e não repetir estereótipos, fique atento a estas orientações.
*Não permita que os garotos usem a força para coagir as colegas nem que elas recorram a um comportamento doce e meigo para conseguir o que querem deles.
*Em situações de conflito, não incentive os meninos a resolverem sozinhos o problema enquanto acolhe as meninas na mesma situação.
*Mostre que os meninos podem chorar sim, assim como as meninas.
* Fuja de frases feitas, que estimulam as diferenças, como “meninas são delicadas” e “meninos são estabanados”.
Mesmo que seja difícil romper com uma história secular de Educação sexista, os pequenos sempre darão um jeito de subverter a ordem das coisas.“Eles só querem um bom companheiro ou companheira para brincar”, conclui Daniela Finco.
LITERATURA SEM ESTEREÓTIPOS
*A Fada Que Tinha Idéias, Fernanda Lopes de Almeida,
64 págs., Ed. Ática, tel. (11) 3990-1634, 22,90 reais

*Menino Brinca de Boneca?, Marcos Ribeiro, 60 págs.,
Ed. Salamandra, tel. (11) 6090-1479, 27,30 reais

*Faca Sem Ponta, Galinha Sem Pé, Ruth Rocha,
32 págs., Ed. Ática, 17,90 reais

* Mamãe Nunca Me Contou, Babette Cole,
Ed. Ática, 43,90 reais

CONSULTORIA: Daniela Finco, pesquisadora do Grupo
de Estudos de Educação Infantil da Unicamp.


Texto extraído do site  escolaespacoeducar
publicado por Claudia Lins

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